Mais de 21% dos jovens têm sintomas de depressão e 5% tentaram suicídio. Os dados são da Unifesp, Universidade Federal de São Paulo.
A depressão na adolescência ainda é um grande enigma, um tabu para a maior parte das pessoas. Por ignorância, por falta de informação, negligenciamos por tanto tempo a saúde mental e a importância do cuidado com a própria mente e a do nosso semelhante. Agora, imagina um tema complexo associado à adolescência, que também se mantém cheia de dúvidas, inseguranças e variações?
Diante do crescimento no número de casos precisamos levar isso a sério! É preciso discutir o assunto!
A depressão
Apesar de a característica mais comum da depressão ser o sentimento de tristeza, nem todos os pacientes descrevem este quadro. Muitos fazem referência à perda da capacidade de experimentar prazer nas atividades, em geral. Grande parte reclama da redução do interesse pelo ambiente. Eles relatam sensação de fadiga, perda de energia, caracterizada pela queixa de cansaço exagerado.
No diagnóstico da depressão levam-se em conta: sintomas psíquicos, fisiológicos e comportamentais. A depressão pode ser provocada por uma disfunção bioquímica do cérebro, além de ter grande probabilidade genética envolvida. Por isso se fala tanto sobre a hereditariedade da doença.
Entretanto, nem todas as pessoas com predisposição genética reagem do mesmo modo diante de fatores que funcionam como gatilho para as crises de depressão: acontecimentos traumáticos na infância, estresse físico e psicológico, doenças sistêmicas como o hipotireoidismo; consumo de drogas lícitas, a exemplo do álcool, ilícitas, como a cocaína, e certos tipos de medicamentos, as anfetaminas, por exemplo.
Vale ressaltar a associação direta da depressão com a automutilação e o suicídio, que tem maior probabilidade na adolescência pela menor capacidade de o jovem relacionar causa e consequência.
Depressão e adolescência
Além da questão orgânica há, também, o fator familiar. Adolescentes que convivem em estrutura familiar desestruturada emocional ou financeiramente experimentam a desarmonia e podem desenvolver um quadro depressivo.
A falta de tempo dos adultos ou o distanciamento em demasia também contribuem para o quadro. Além disso, não basta estar perto, é preciso oferecer a segurança e o amor que um ser humano requer.
Na convivência entre amigos, de lazer ou na escola, o bullying, o ato de discriminar o outro, principalmente o diferente, tem recebido destaque pelo papel destrutivo que tem exercido na sociedade, entre os jovens. A escola precisa ter atitude enérgica para coibir o avanço desse comportamento lamentável.
Sem ferramentas de controle, a internet também tem se mostrado bastante nociva, sobretudo nas comparações com os demais, nos chamados perfis ideais, no acesso a informações degradantes, nas ameaças e exposições que ocorrem em demasia.
Em todos os casos os próprios conflitos, cobranças, descobertas, medos, expectativas, mudanças orgânicas, perdas e frustrações desta fase tão intensa: a juventude.
Sinais de alerta:
- Problemas escolares;
- Alterações significativas de peso corporal;
- Abuso de substâncias (álcool e drogas);
- Comportamento sexual de risco e problemas de conduta;
- Estados de humor irritável ou depressivo duradouro e/ou excessivos;
- Períodos prolongados de isolamento ou hostilidade com família e amigos;
- Afastamento de atividades grupais;
- Fugas de casa e presença de queixa física imprecisa, persistente e sem esclarecimento etiológico.
Saindo dessa
Você se identificou ou enquadrou alguém conhecido em um dos sinais de alerta listados acima? Busque imediatamente um psicólogo. Juntos, psicólogo, jovem, família e escola, todos podem alinhar os melhores passos para restabelecer a qualidade de vida do indivíduo e, por consequência, de quem está ao seu redor.
Não podemos esquecer que cada caso é único, deve ser tratado como tal. Lembre-se, o que funcionou com o vizinho pode não funcionar com você ou seu(ua) filho(a)!
Reconhecer que a depressão na adolescência é mais difícil porque, nessa fase, todos mudam o comportamento naturalmente. Mais difícil do que notar a dor dos filhos é reconhecer que esse sentimento é tão limitante que exige, sim, um acompanhamento especializado.
Precisamos admitir que nem sempre somos capazes de resolver questões emocionais sem ajuda, entender que, assim como uma doença física, na psicológica também é imprescindível o acompanhamento de um profissional.
Portanto, acione um terapeuta! Você não vai se arrepender!