Ouvir essa frase é impactante, não é? Imagina quem está passando por essa situação? Vamos saber mais sobre isso?! Falar de câncer é ainda muito difícil para a maioria das pessoas porque o câncer, seja ele qual for, está muito vinculado à morte.
E mesmo sabendo que há cura em 95% dos casos para quem o descobre precocemente, o medo ainda é muito comum. Mas, por que isso acontece?
Antigamente a medicina não era tão avançada como é hoje, não existia a cultura da prevenção e, por isso, o câncer era mesmo uma sentença de morte. Entretanto, o que tem haver o passado com o presente sobre esse assunto? Pois bem, muito desse medo faz parte de uma memória morfogenética.
O que é Memória morfogenética?
Dentro da visão sistêmica algumas informações são passadas pelo DNA e outras são armazenadas no campo energético, como uma memória que é passada, inconscientemente, dos antepassados para os outros membros da família, ao longo do tempo.
A dor causada pela perda de um ente querido pela doença no passado pode gerar medo de que isso se repita novamente em um membro da geração atual.
Mas, como é o cotidiano da família que está com um parente com câncer?
Assim como a paciente com câncer de mama, os entes queridos também passam por todo um processo até a aceitação do câncer. No início é difícil “cair a ficha” do que realmente aquilo está acontecendo.
Em seguida vem a irritabilidade, a raiva, a dor, a dificuldade de lidar com o mundo continuando com o seu dinamismo e exigência, enquanto a família está passando por esse período. Não é raro os filhos brigarem com suas mães porque emocionalmente elas são o símbolo de toda essa mudança…
Vale dizer que essas brigas não são buscadas racionalmente. É uma descarga emocional gerada por um misto de ansiedade, medo e raiva.
Muitas vezes se tem a impressão de que a briga foi por um motivo bobo. Na verdade é como uma gota d´água que faz o copo transbordar. Falar sobre isso ajuda muito a entender as emoções e trabalha a mágoa do acontecido.
O processo do tratamento
Durante o tratamento é necessário lidar com a fragilidade dessa pessoa que, na maioria das vezes, tende a ser a mais “forte” do núcleo familiar.
Dessa pessoa que sempre cuidou, conduziu a casa, orientou e desenvolveu inúmeras atividades ao mesmo tempo.
Ver a sua transformação física seja pela perda do cabelo, possibilidade de perder a mama pela cirurgia, o uso da medicação da quimioterapia e/ou radioterapia, entre outras coisas… Tudo isso gera um grande sofrimento em todos.
Mas, também traz uma mudança de paradigma: quem sempre cuidou precisa de cuidado. E é aí que a relação de todxs precisa mudar.
Novas funções na família
Ao assumir novas funções o sistema familiar passa por um grande período de adaptação. É necessário respeitar esse processo. Por isso a psicoterapia é recomendada para todos porque é necessário ver como a doença ecoa em cada um. Isso norteia, acalma e fortalece.
Dessa forma a disponibilidade de todos amplia, assim como a possibilidade de ter boas conversas e um entendimento melhor das fragilidades e forças da família. E quanto mais pessoas participarem do cuidado, melhor.
Rede de apoio
Uma boa rede de apoio é aquela que sabe exatamente o que fazer para cuidar. Isso significa amor, tolerância, delicadeza, cuidado com as palavras e atitudes, leveza, bom humor e tranquilidade.
Quanto maior é a rede de apoio, maior é a chance de todos poderem se cuidar para oferecer seu melhor para quem tem câncer poder passar por todas as etapas se sentindo acolhida e amada.
Por isso, é importante aceitar a ajuda oferecida por amigos, colegas de trabalho, vizinhos, grupos de apoio… Enfim, pessoas que se disponibilizam de coração. Elas podem revitalizar o sistema que está frágil no momento contribuindo para o seu fortalecimento e renovação.
Ressignificação
O câncer pode representar simbolicamente a perda, mas muitas pessoas revelam que o câncer gerou a possibilidade de transformação.
De se reconectar consigo mesmo, de redimensionar o valor das coisas, de valorizar o amor como agente maior de mudança e cura.
Do entendimento profundo do respeito e do limite de si e do outro. Da oportunidade de aprofundar laços e resolver conflitos com a família e com os amigos, de fazer ou retomar projetos, de criar um novo propósito de vida. Quer dizer, o foco deixa de ser a perda para ser o ganho.
E quando o ganho passa a ser o foco de todos da família, a força do sistema familiar é elevada a uma grande potência.
A visão dos fatos se amplia favorecendo a capacidade de ressignificá-los. E é nessa interação que a reconexão dos laços familiares rompidos ou fragilizados acontece, restabelecendo o vínculo do amor e o desenvolvimento da tolerância e da empatia para com o outro.